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Fotógrafo da Faixa de Gaza revela rotina em meio à guerra e reflete sobre risco de vida: 'Aqui, n?o há espa?o para o luto'

As imagens do ógrafodaFaixadeGazarevelarotinaemmeioàguerraerefletesobreriscodevidaAquin?oháespa?jogo do gal?ofotojornalista Bashar Ahmed Taleb ressoam em todo o mundo. Aos 32 anos, o palestino cobre a situa??o na Faixa de Gaza para a agência internacional de notícias France-Presse (AFP) desde 2010. Em meio ao desafio de manter o equilíbrio para fazer um bom trabalho, já que nasceu e cresceu no território de Gaza, na Palestina, ele vive “o pior período” de sua vida, marcado pela guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas no enclave, iniciada em outubro de 2023. A rotina profissional é marcada por dificuldades no acesso à internet e à eletricidade: uma realidade que se torna ainda mais extenuante pelo luto constante em raz?o da perda de pessoas queridas e do medo da morte. Em entrevista exclusiva ao jornal O GLOBO, o fotógrafo reflete sobre as condi??es de vida e de trabalho em Gaza e descreve a importancia das coberturas jornalísticas em áreas de conflitos. Quando você come?ou a trabalhar com a Agence France-Presse (AFP)? Atuou em outras áreas da fotografia antes de cobrir a guerra? Comecei a trabalhar [para a AFP] em 2010, como fotógrafo trainee. Somente cobri eventos na Faixa de Gaza. Nunca viajei para fora de Gaza. Bashar Taleb, 32 anos, mora na Faixa de Gaza e registra a guerra — Foto: Reprodu??o/Instagram Há quanto tempo você cobre os conflitos na Faixa de Gaza? Este tem sido o pior período em termos de violência e inseguran?a? [Cubro] desde 2010. Esse tem sido o pior período da minha vida profissional. O que te motivou a documentar a realidade da Faixa de Gaza? A paix?o foi, inicialmente, a minha primeira motiva??o, mas, após me envolver com o trabalho, desenvolvi um senso de responsabilidade em rela??o à realidade de Gaza e à importancia de transmitir essa imagem ao mundo. Você teve familiares ou conhecidos mortos pela guerra? Perdi seis membros da minha família e um grande número de amigos, tanto no trabalho quanto na vida pessoal. O que está acontecendo aqui é uma verdadeira tragédia. Mortes acontecem o tempo todo, todos os dias, e n?o há espa?o para o luto aqui. Podemos ser obrigados a nos retirar imediatamente devido a um ataque ao local onde estamos. Nossas emo??es est?o completamente congeladas. O luto toma completamente conta dos nossos cora??es. Palestinos esticam os bra?os em busca de comida em centro de distribui??o em Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza — Foto: BASHAR TALEB / AFP Como se dá a separa??o do trabalho e da vida pessoal? Tento, milagrosamente, separar o trabalho da vida pessoal, mas na maior parte do tempo n?o consigo. Frequentemente, ataques acontecem perto de onde moro, e, muitas vezes, saio para cobrir eventos sem usar sapatos, por exemplo, ou o colete à prova de balas destinado aos jornalistas. Qu?o difícil é colocar os sentimentos de lado para trabalhar de forma imparcial? é muito difícil deixar minhas emo??es de lado. Constantemente, meus olhos se enchem de lágrimas com as cenas que vejo e documento aqui, em Gaza. é, na verdade, possível ser imparcial nessas coberturas? Consigo manter a neutralidade no meu trabalho, mas também existem emo??es. Sou um ser humano, e sinto a dor das pessoas e das crian?as. O choro aqui é comum e te faz chorar também. Há alguma fotografia, em especial, que te marcou? Pode nos contar a história por trás dela? Em geral, fotos de crian?as fazendo fila para receber comida da Tekkiyet (institui??o de caridade ou assistência social) me afetam profundamente. Vê-las brigando e tentando, com toda a sua inocente for?a, pegar alimento me faz sentir fraco diante delas. O fotógrafo palestino Bashar Taleb cobre a guerra da Faixa de Gaza para a Agence France-Presse (AFP) — Foto: Reprodu??o/Instagram Como é a rotina de trabalho? Quais s?o os desafios diários do ofício? Minha rotina diária é muito difícil. Come?o a trabalhar de manh? cedo. Enfrento dificuldades para conseguir transportes seguros, pois n?o há combustível nem carros suficientes. Muitas vezes, uso carro?as puxadas por animais para me locomover. Também tenho dificuldade para encontrar acesso à internet e eletricidade para recarregar meus equipamentos. Tudo aqui enlouquece você. Devido à intensa carga emocional e física, já pensou em parar de fotografar? Morar em outro lugar? Nunca considerei parar de fotografar. Há alguns dias, cheguei ao ponto de exaust?o e cansa?o pela falta de comida e pela fadiga extrema, mas n?o vou parar de documentar. Estou pensando em como salvar a minha família dessa morte, mas n?o deixarei Gaza. Dezenas de fotógrafos e fotojornalistas morreram enquanto trabalhavam na Faixa de Gaza. Como você lida com a sensa??o de inseguran?a física e incerteza? Tem medo de morrer? Comecei a sentir medo recentemente. Tento evitar qualquer coisa que possa me colocar em perigo. Palestinos transportam seus pertences numa carro?a entre escombros na Faixa de Gaza — Foto: Bashar TALEB / AFP/21/03/2025 Como você avalia a importancia do seu trabalho para o mundo? As imagens podem transmitir algo que as notícias e as palavras n?o conseguem? Nosso trabalho é muito importante para transmitir imagens ao mundo. é necessária muita experiência para conseguir tirar fotos que ressoem com as emo??es dos espectadores, sem palavras ou relatos fotográficos. Como você decide o que registrar? Existe um momento em que escolhe guardar a camera? Decido quais assuntos fotografar consultando meus gerentes na AFP. Tiro algumas fotos enquanto ando pelas ruas, procurando histórias humanas entre as tendas, nas ruas e entre os deslocados (pessoas for?adas a deixar seus lares). às vezes, quando estou me sentindo triste, paro de fotografar. Veja fotografias de Bashar Taleb, que cobre a guerra na Faixa de Gaza para a Agence France-Presse 1 de 20 Moradores da Cidade de Gaza levam panelas para receber alimentos doados durante o mês sagrado do Ramad? — Foto: BASHAR TALEB / AFP 2 de 20 Um menino observa a fuma?a após um ataque de drone de Israel na Faixa de Gaza — Foto: Bashar TALEB / AFP Pular X de 20 Publicidade 20 fotos 3 de 20 M?e carrega crian?a ferida no Hospital al-Shifa, em Gaza — Foto: Bashar Taleb/AFP 4 de 20 Palestinas disputam doa??es de comida no campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza — Foto: Bashar Taleb / AFP Pular X de 20 Publicidade 5 de 20 Integrante do Hamas ao sul de Gaza — Foto: BASHAR TALEB / AFP 6 de 20 Palestinos passam pelo complexo médico danificado de Kamal Adwan, enquanto fuma?a sobe ao fundo durante bombardeio israelense a alvos a leste de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza — Foto: Bashar Taleb/AFP Pular X de 20 Publicidade 7 de 20 Palestinos desabrigados se refugiam em tendas instaladas em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza — Foto: Bashar TALEB / AFP 8 de 20 Mulher palestina após ser informada da morte de parentes em Jabalya, no norte da Faixa de Gaza — Foto: BASHAR TALEB / AFP Pular X de 20 Publicidade 9 de 20 Palestinos deslocados caminham em meio à devasta??o ao retornarem ao centro de Rafah, no sul da Faixa de Gaza — Foto: AFP/ Bashar Taleb 10 de 20 Palestinos deslocados carregam seus pertences enquanto retornam ao centro de Rafah, no sul da Faixa de Gaza — Foto: AFP/Bashar Taleb Pular X de 20 Publicidade 11 de 20 Uma mulher chora pelo corpo de uma crian?a, que morreu como resultado de ferimentos durante um bombardeio no centro da Faixa de Gaza, em 11 de maio — Foto: Bashar TALEB / AFP 12 de 20 Pessoas passam por barracas que vendem produtos em meio aos escombros de edifícios destruídos durante ataques israelenses anteriores, em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza — Foto: Bashar TALEB / AFP Pular X de 20 Publicidade 13 de 20 Palestinos em tenda instalada nos destro?os de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza — Foto: Bashar TALEB / AFP 14 de 20 Crian?as palestinas caminham em campo de refugiados de Khan Younis, na Faixa de Gaza — Foto: BASHAR TALEB / AFP Pular X de 20 Publicidade 15 de 20 Menino carrega sacolas após vasculhar o lixo em um aterro sanitário em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza — Foto: Bashar TALEB / AFP 16 de 20 Movimento islamico, que governa Gaza desde 2007, exige um cessar-fogo permanente e a retirada total das tropas israelenses — Foto: Bashar Taleb/AFP Pular X de 20 Publicidade 17 de 20 Fuma?a de um bombardeio israelense se espalha em localidade no sudeste de Khan Yunis — Foto: Bashar TALEB/AFP 18 de 20 Mulher chora sobre o corpo de um dos mortos em ataque israelense a mesquita em Deir al-Balah, na Faixa de Gaza — Foto: BASHAR TALEB / AFP Pular X de 20 Publicidade 19 de 20 Crian?as deslocadas de Rafah sentadas em cima dos seus pertences em Khan Yunis — Foto: Bashar TALEB / AFP 20 de 20 Mulheres palestinas em prédio da Faixa de Gaza, atingido hoje (1) por bombardeio de Israel — Foto: Bashar Taleb/AFP Pular X de 20 Publicidade Apesar dos desafios profissionais e pessoais, o fotógrafo gazeu pretende continuar na Palestina devida à importancia de seu trabalho Início do conflito Em outubro de 2023, o grupo terrorista Hamas e a Jihad Islamica realizaram um ataque surpresa contra Israel, durante a festividade judaica da Simchat Torá, resultando na morte de quase 1.200 israelenses e no sequestro de 251 pessoas. Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva militar em larga escala com bombardeios e a??es terrestres, deixando mais de 54 mil mortos, segundo o Ministério de Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. A infraestrutura da Faixa de Gaza foi severamente afetada pelos ataques. Hospitais, escolas e centros de saúde foram destruídos ou danificados. A popula??o ficou sem acesso a cuidados médicos essenciais, em imagens que chocaram o mundo. Cerca de 90% dos gazeus (cidad?os de Gaza) foram deslocados. O valor de itens básicos aumentou em quase 250%. Paralelamente, o recrudescimento do bloqueio imposto por Israel ao território agravou a situa??o. O resultado foi a escassez de alimentos, medicamentos e combustível. Nas fotografias de Bashar Taleb, é possível ver adultos e crian?as se amontoando para receber alimentos distribuídos por institui??es de caridade. Cenário de completa destrui??o em Jabaliya, no norte da Faixa de Gaza — Foto: Reprodu??o / redes sociais Além da destrui??o física, o conflito teve grande impacto no patrim?nio cultural de Gaza. Mesquitas, igrejas e outros locais históricos foram danificados ou destruídos. Tentativas de cessar-fogo Foram diversas tentativas de cessar-fogo ao longo do conflito, inclusive com a media??o de países como Egito, Catar e Estados Unidos. Em janeiro de 2025, houve uma trégua, porém Israel retormou a ofensiva militar depois de dois meses. A comunidade internacional expressa preocupa??o com os acontecimentos em Gaza. A Organiza??o das Na??es Unidas (ONU) e outras entidades globais pedem investiga??es sobre possíveis crimes de guerra e viola??es dos direitos humanos. Mais recente Próxima Expedi??o Ianomami: Sebasti?o Salgado documentou lutas da etnia indígena com O Globo Faixa de Gaza Gaza Guerra Israel x Hamas Hamas Israel Mais do Globo .post-notifier-pushstream{ display:none}.bstn-fd .bastian-card-mobile,.bstn-item-shape,.tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub--visivel .tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub{ background-color:#fff;contain:layout paint style;margin:16px 0 0;overflow:hidden}.feed-media-wrapper{ margin:24px -24px 0}.bstn-fd-item-cover{ background-color:#ccc;background-position:50%;background-size:cover;height:0;overflow:hidden;padding-top:56.25%;position:relative;width:100%}.bstn-fd-cover-picture{ position:absolute;top:0;left:0;height:100%;width:100%}.bstn-fd-picture-image{ color:transparent;height:100%;width:100%}.feed-post-body{ padding:24px 24px 0}.feed-post-link{ display:block;text-decoration:none}.feed-post-header{ color:#333;font:16px/20px 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